A chuva

Por Cristyam Otaviano - setembro 04, 2021

Há doze horas, chove sem parar, há muito o que se lavar da rua, meu pranto, meu passado e meu silencio que insiste em falar dentro do vazio que há em mim.

Choveu, as coisas molharam, precisei provar da terra em verdade. Meus segredos na memoria, minha voz em papel, vão dentro da bolsa, espero que não vejam água, pois me desfaço muito fácil. Me disfarço para poder fugir da água que cai.

Estou em casa, o paraíso pode ser aqui também. Paro, penso, passo e conclui que sou um erro na história dos homens, ainda escondido por entre fatos que insisto negar. Sou ameaçado de extinção, sou raro e muitas vezes me sinto só.

Forjado numa dor qualquer, desconhecida aos sensíveis, provado em verdades, que já se foram na chuva que caiu, fui feito. Água, fogo, terra e ar, tentam simular uma humanidade que não há em mim. Dá certo, mas sai tudo errado e quando menos espero me ponho a chorar num canto qualquer.

Tudo anda fora de lugar, a mala já esta desfeita, a vida também. A cama tem uma configuração estranha, toda errada, parece comigo. Parece que o tempo nunca vai mudar.

Qualquer coisa que se diga poderá ser calado pela chuva que insiste em acontecer lá fora, aqui dentro é estranho, me sinto só, me sinto Sol. Os bêbados gritam em coros, o sono quer me levar para algum lugar nessa noite fria.

Uma hora a chuva irá, para longe, fazer viver uma sobrevida que se esqueceu o que era existir. Trazer verdades a um chão, que de tanto esperar, se despedaçou no sol, assim como eu. A chuva irá, e fará o chão, já rachado de esperar, acontecer.



  • Compartilhe:

Leia Também

0 comentários