Existem momentos na vida que definem exatamente quem somos, sem hora, nem lugar marcado, ficamos despidos de tudo, ficamos nus, somos apenas nós, vazios ou cheios de si, prontos para transbordar e se transportar para um lugar que só habitamos. Somos verdade por inteiro. Há horas que a vida é concebida, somos Maria, somos mãe.

E não há nada como se jogar na cama, depois de um dia exaustivo. A solidão da nossa cama de solteiro, o nosso maior refugio (Leia: Refúgios), um cinema sem companhia. O verão passado nas praias cariocas, que até hoje traz saudades. A escola onde estudamos boa parte da nossa vida, a sala antes daqueles heróis (Leia: Heróis de luzes travessas), hoje passagem para turmas que jamais serão como a nossa. Escola onde muitos vieram, se foram e deixaram seu legado em nossas vidas. 

Haja história para contar. Viver é fazer momentos, ter os mais diversos relatos. Dos dias de sol aos dias que juramos ser nosso fim. Estávamos dispostos a tudo para por fim a uma dor que nos consumiu até que chegássemos no fim. Foram memórias de um, ou de mais, personagens em comum.

Protagonistas ou mesmo figurantes, das histórias de uma noite, ou casos de mil e uma noites, as pessoas que passaram, ou que até hoje permanecem na nossa vida. Uns passam, outros ficam e prefiro ser aquele que atravessa a história, pessoas.

Nessas histórias, há pessoas que valem a nossa mais preciosa liberdade, pela qual tanto lutamos por muito tempo. Só o toque nos faz calmaria meio a mares agitados, quem dirá do abraço nos faz leve, calmo como um barco atracado no porto e que não precisa partir. Pois, finalmente de tanto navegar, encontrou um lugar onde pode ficar.

Somos refeitos, por ora chega tempos que cansa carregar peso de pessoas desnecessárias em nossa vida, reviver certos momentos não vale mais a pena, não condiz com que nos tornamos. O passado é uma roupa que não nos serve mais.

Viver a solidão de um momento só seu, habitar espaços conhecidos por um amor vivido a dois, espaços que existem entre nós mesmo, ou até saber que sua força vem de pessoas que sempre estiveram ao seu lado, isso não tem medida.

É quem somos, tudo que nos fez, ou refez. São partes de nós que perdemos por aí, peças que caíam enquanto nos despíamos ou lendas de quem somos que caminham por aí, versões nossas. Na individualidade do coletivo, nas guerras vãs, no infinito dos universos, na singularidade da solidão. São momentos, lugares e pessoas, somos nós.