Escrever me alivia, completa. Me esvazia de mim. Mas não por inteiro. É como um remédio o efeito vem e com o tempo passa, aí preciso escrever mais. Não escrevo palavras, escrevo sentimentos.

Uma menina que escreve, disse que era preciso viver o que se escreve. Só escrevo só aquilo que vivo. Não sou o criador de nada, sou a criatura de tudo. Uma vítima das causas/consequências da vida.

Faço os textos, mas eles só têm os pés e as mãos. Faltam-lhes coração, o sentimento de tudo, a cereja do bolo, a chave de ouro. "Tudo a seu tempo" como sempre digo a muitos, e ouço de outros. Quando menos espero saí, o mais belo final, a frase mais oportuna. Aquilo que estava na garganta há tempos. O pensamento que passou anos amadurecendo na cabeça.



É necessidade, assim como comer e tomar banho. Ora tenho nojo de mim, de tudo, e todos. Ora tenho tanto amor a mim, que me preservo no mais imundo pecado, na mais podre carniça. É ódio por causa do amor. Está em mim, e por mais que tente não sou capaz de lutar contra isso. Faz minha da humanidade mais terrena.

Por vezes esqueço de mim, a vida entra em automático, então preciso ver o sol, ouvir o vento conversar comigo, sentir a vida pela planta dos pés, equilibrar a alma. A saudade é o excesso de amor que não foi usado. Passou da validade.

A vida vem e se enche em mim, dai eu me verto, preciso escrever. Aliviar algo aqui dentro. Chorar ou mesmo espalhar sorrisos por aí. O que escrevo é algo que esta além de mim, por isso vira um fato. Sem imposições, sem regras, só escrever, seja o que for e como for.

Não minto, mas como humano posso mudar, então não sou mais eu, estou ausente de mim. Conto os amores que levei, os que senti verdadeiramente. Muitos nem vivi, mas o fato de sentir não nega sua existência. Falo daquilo que sinto, mas também de coisas que se quer existem, mas que pertencem a mim, e sei que são reais.

Das muitas certezas que tenho nessa vida é que, ainda que chova ou que faça sol, que eu desista de tudo do dia para noite, que eu chore como nunca na vida ou que eu viva coisas em um dia que eu jamais imaginei viver. Amanhã escreverei sobre hoje. Porque o futuro é o maior mistério que já existiu, e é no desconhecido que moram todas as infinitas possibilidades. Onde até mesmo o impossível, pode acontecer.