Refúgios

Por Cristyam Otaviano - julho 15, 2015

Fugir as vezes parece ser a única solução. Mas fugir para onde? Com quem? Como? Quando? Quem nunca chegou a ter a cabeça mais bagunçada que um guarda-roupa de um adolescente indeciso, que não sabe o que vestir? "Calma, isso vai passar" pensamos para nos confortar. Nessas horas você se sente só, apesar de não estar, o mundo é preto e branco, frio, poucos te entendem. Você tem um milhão de coisas para dizer, tudo ali engasgado na sua garganta.

Psicólogo, tem que marcar. Mãe e pai podem até te entender mas não conseguem aconselha-lo da melhor forma.


Em tempos assim, nossa vida se resume a uma constante. Nunca muda. Nos tornamos mola, matéria, transparentes, somos a gravidade. Assim o mundo nos esmaga ou nos estica, nos sufoca até sugar o nosso mais misero sopro de vida. Ele nos testa até achar que desistimos de nos mesmos, e então nos larga a própria sorte sem saber que mesmos desistindo, ainda temos o "nos mesmos" para nos reerguermos e seguir fazendo a nossa história. Apesar de estarmos fora do nosso estado normal, deformados, voltamos à normalidade, a ser a mola como éramos antes.

A cama ou o chuveiro é nosso melhor refúgio, nossos amigos - sim sofro da solidão sem Deus, e peço que rezem por mim - confidentes, eles sabem pelo que passamos eles enxugam nossas lágrimas nos confortam nas horas difíceis. Não temos vergonha deles. Seja nosso pouco talento para a música, seja nossa pouca coordenação motora para a dança, nosso mais sujo segredo, nosso passado mais "esquecido", eles presenciam tudo e mais ainda, guardam segredo. Imagina se eles contam tudo que sabem! O mundo estaria perdido. Descobri confidências de travesseiro da Casa Branca ou mesmo o segredo de chuveiro de Marlim Monroe.

Não há motivo para segredos. Nos abrimos, contamos tudo, até o mais intimo, tudo isso sem se quer mencionar uma palavra. O que eles já não presenciaram e sabem?

Ainda depois de tudo, todo desabafo, todo agouro, toda dança sem noção, todo segredo e todas lágrimas, podemos abrir os olhos, como se nada estivesse acontecido ou mesmo descansar aliviados e esperar então o sol voltar, para voltarmos a ser molas, e seguir, como se só tivéssemos apenas tropeçado no caminho.

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