Dia desses me peguei distraído, olhando para o céu estrelado, procurando São Jorge lá na Lua cheia, saltando pelas estrelas, procurando as nebulosas. Imaginando como seria estar em marte ou mesmo ver de perto Saturno. Pensando, como as coisas teriam sido, se eu, la atrás, tivesse tomado outra escolha.

Me distraí da vida quando te conheci, me distraí dos meus sonhos, dos meus objetivos, perdi o foco de mim mesmo. Me esqueci de lembrar de mim, me esqueci de ter um plano B de ter um paraquedas reserva nesse salto duplo que é tao arriscado, e que por mais que tenha sido duro, sobrevivi. E sai por aí contando a história, distraindo os outros.

Diz trair, quando diz que sente carinho por mim, só procura quando esta mal ou levou um pé na bunda de alguém. Precisa de uma distração. Diz, trair. 

Me distraí quando me afoguei navegando pela profundidade do teu olhar, guiado pelas sardas que habitam debaixo do teu olho, quando ficava ali horas contigo só sentindo o toque da tua pele, querendo um feriado inteiro só contigo.

Diz tração, me carrega dese mundo, muda o momento de inércia. Me leva a conhecer o azul do céu, revelando a grandeza do mundo, o mesmo céu que banha as cidades da Austrália. Ponto de encontro dos nossos olhares tao distantes, morada para os aviões e caminho para os heróis.

Me distraí quando vi o mundo passar na tela da televisão, quando vi a vida acontecer da janela de casa, quando vi o mundo mover-se pela janela do ônibus.

Imaginando a vida, me distraí, como seria, se nós pudéssemos se descobrir, se machucar e se curar a cada toque e beijo, se perder e então se encontrar nos corredores da faculdade, se encontrar e então se perder viajando juntos por aí, morrer e então procurar a vida na parte que mora no outro.

Me desliguei do mundo, calei tudo em volta, não há sons, efeitos colaterais causados por movimentos involuntários. Precisar esquecer o foco, precisar pensar em outra coisa que não seja aquela que esta na minha cabeça. Passear pelos pensamentos, pensando e pensando, sem coesão, sem sentido e sair por aí na mente. Ser enganado pelo artista de rua. A mente vira ela, nós vamos ao mundo da lua, fazemos viagem. E nada aconteceu, porque no fim das contas o que acontece, é que a gente só se distraiu.