Os Monstros

Por Cristyam Otaviano - março 17, 2019

Foi fácil decidir. Não serei o mesmo a partir de hoje.
As verdades erradas estarão em qualquer um que ouse me conhecer. Em fogo preparei o dia, acendi um incenso para avisar que a festa vai começar. Um a um, arrumarei os monstros para sua liberdade, os deuses virão para ver, o coração dança estranho no peito.

Conjugarei todo alfabeto, usarei de todos ao meu redor. Sei exatamente como fazer. Farei uma festa, pois, meus monstros em breve terão a liberdade. Vestirei a melhor roupa, usarei do meu pior sorriso, pisarei forte, cara limpa, vivo, estou pronto. Num grito, os monstros estarão soltos. Alforria.



Numa cama desconfigurada, o amor fará a tecnologia parar, será uma forma inédita de conjugar Ele. São filhos de só um pai. Tu estarás com a corda na mão, espera em espirito de oração, senta e assiste teu fim. Isso é um aviso, a toda humanidade, aos homens de pouca coragem, ao passado que morreu.

Quando eu me puser a falar, os monstros estarão livres. Criaturas da noite. Vendo, não se acredita, será verdade, se preciso for, te provo, provo. Sobre o que você quer falar? Escute, são eles vindo. O chá na mesa, fulmega, treme, esfria e acalma meu eu.

Não ando só, não saio vazio, não volto cedo e não tenho medo. O inferno é meu endereço. Há outras mil versões de mim por aí, todas são verdade, somente uma sou eu. Posso ser tudo aquilo que acha que sou e ainda mais. De onde venho o sol brilha mais.

Olhos, pele, gosto e cheiro. Fala e jeito. Virgula e ponto. São Eles, conjugando versões de mim, que nunca pude ser. 

São feitos gás, usam a palavra certa, vão longe, viram papel, são precisos, em tempo verbal, conjugam seres ao que jamais sentiram. Eu vos criei, ensinei tudo o que sabem, sim, Criador e criaturas. O céu derramará toda sua mágoa, arrependimento por um dia ter me criado.

Sinto a vida, por eles, ânimo pela liberdade que breve terão, sou eles. Ansiando por um lugar ao sol. Agitação, para descobrir seus devidos lugares no mundo. Loucos, todos nós, para invadir os homens por aí. Breve estaremos livres.

Que os homens se cuidem, pois amanhã meus monstros estarão a solta. Te digo, assim como eu, o mundo já não será mais o mesmo.

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