Em casa

Por Cristyam Otaviano - março 25, 2017

Amanha eu vou acordar em casa. Confortante a sensação, de despertar com a luz do sol de onze horas batendo no rosto, dizendo que existe um mundo lá fora me esperando. Viva! Eu gosto disso, de ver todos almoçarem enquanto eu espero o café esfriar, de poder não almoçar alguns dias, ou mesmo de misturar o almoço com o jantar. De brincar com a comida, e deitar no chão sem pressa de levantar. Sentir essas sensações, porque estou em casa.


É, eu passei um fim de semana em casa. Finalmente. Depois de muitas noites por ai a fora, muitos dias vagando pela cidade, de ter vivido um bocado. É bom estar de volta. Estar aqui de novo. Eu vou sentir falta de tudo isso, sim eu vou, mas enquanto a saudade não vem, me resta aproveitar. Organizar meus livros, ver o que habita as gavetas da cômoda, atualizar a caixa de memórias, redecorar, fazer esse tipo de coisa que só fazemos quando temos tempo. Quando estamos em casa.

Dormir na minha cama, com meus lençóis, meu bicho de pelúcia. Eu sei, talvez acorde suando de calor no meio da noite ou na manha pela ventania gelada no rosto, que de manha bem cedo, minha cachorra saltará na minha cama me dando o melhor bom dia de todos ou que no dia seguinte será dia de facinha e de muito som e gritaria pela casa, por mais irritante que pareça, isso me conforta.

Preciso descobrir o que há em baixo da minha cama, redescobrir as coisas que perderam-se em meio a poeira. Matar os fantasmas que ainda habitam essas paredes, títulos inacabados, historia sem pontos finais. Me livrar do que não serve, daquilo que pesa. Me fazer novo, de novo.

Esse é meu universo, habito, fui eu, aqui, nessa caixa. Uma zona de conforto definida a quatro paredes. Uma janela sem vista, e um teto, de onde, por uma única telha, já velha do tempo eu consigo perceber que o sol existe e que ele brilha lá fora. Além disso é só um quarto, uma cama, sou só eu.


O café é forte, a pressa não habita. Só existe poeira e nela o passado de mim. E quem sabe dele eu faça o eu do futuro. Eu vou deitar no chão, quem sabe vou cuidar de uma planta. Por acaso a louça me espera. A luz. Os moveis preparam uma valsa por aqui. Vou reinventar tudo. No fim das contas, tudo isso, só foi legitimo, só aconteceu, porque hoje, eu acordei em casa.

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