Força
Por Cristyam Otaviano - novembro 18, 2019
Era Novembro de 1996, quando eu me pus a nascer.
De fora a vida parece ser outra, só precisamos de um momento só de loucura e isso resumirá nossa vida inteira. Tropeços, quedas, decepções e até mesmo a morte em vida. A força, a mesma que me tirou da cama nos dias em que um corpo era tudo que eu tinha, é a mesma que levanta minha cabeça, molhada de lágrima e diz para tudo que está lá fora:
"É só você Cristyam, contra o mundo todo" e vou provar quem é o mais forte.
Ser forte é assinar um contrato com a dor, pois o insuportável certo dia não parece nada, e você resiste por motivos que você até mesmo desconhece. Você chora em silêncio no escuro do quarto, pede aos céus uma resposta, grita por alguém e tudo isso, muitas vezes, é em vão. Tem horas que a vida nem tem sentido, nessas horas o sentido é esse.
Há cicatrizes em mim que ninguém jamais viu, histórias que somente eu e você sabemos. Dias atrás me vi no espelho e ele me disse quem eu era, talvez me preparando para esse momento, a hora de provar quem sou, de gritar o meu nome em alto e bom-tom, e provar a verdade que até mesmo o tempo se esqueceu.
Sou forte, sim, e o céu para mim é só uma cor. É liberdade! Breve os dias não serão mais os mesmos, os tempos sempre mudam. Decidir é abandonar, tem horas que decidimos deixar até nós mesmos, tudo que fizemos ao longo de vidas inteiras.
Já sofri muito calado, apanhando sozinho, em silêncio e lutando por quem nunca nem esteve, nem aí para mim. Os gritos que soltei, coisas que disse, comportamentos alterados, era eu, lutando dentro de mim para que o menino que todos viam sorrindo, não assustasse caso fosse visto chorando, vulnerável, assutado com um mundo cruel.
O mundo do nada se tornou um lugar cruel, quando vi, estava só, meio a leões, que queriam provar de mim a qualquer custo, por motivos que desconheço, me vi ferido, me vi cansado de lutar meio a um mundo todo que me espera lá fora.
Os tempos são outros, hoje tenho asas, e voarei pelos vales mais bonitos, e quando chover, esperarei num canto qualquer a tempestade passar, para então poder sair e voar mais, não há tempestade que dure para sempre.
A vida não precisa ser ruim, não precisa ser triste, nem doer, só que certas coisas são inevitáveis.
Tenho andado feliz, de verdade, por inteiro e não por metades, como muitos por aí. Incômoda os outros ser feliz, ofende. Ser livre ameaça a vida de quem não é, põe em risco a vida de gente pouca. Aos ofendidos e ameaçados, peço desculpa pois, não deixarei de ser quem sou.
Ao mundo aí fora que me ouve, escutem bem, eu sou forte! Não chegaria aqui se não fosse. Sei bem como é cair, e sei levantar. Aos leões e feras que me esperam prontos para me ferir, podem vir, sou só eu contra o mundo. Aos fantasmas, que me assombram desde que morreram, venham numa noite quando eu estiver embriagado sozinho pela cidade, numa esquina qualquer. Às cobras, aviso que minha pele é grossa, já apanhei bastante e não se esqueçam, eu sou Escorpião.
A quem não me conhece, e pensa que sabe muito de mim, me chamo Cristyam, e sempre lutei, até o fim, porque sempre fui forte, eu só não sabia disso.
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