Filho do Carnaval

Por Cristyam Otaviano - novembro 16, 2019

Chegamos e já era tarde, o bloco já havia passou, a alegria em restos, picotada, fez lama no chão. Os homens dançaram, pularam e São Pedro quis chorar, mas resolveu naquela noite, ser felicidade.

O vento foi cantoria na pele dos homens e levou a alegria para todos os cantos, no batuque de um tambor começamos a ensaiar uma revolução, as partículas mais distantes do universo, não serão mais as mesmas, pois estamos unidos para fazer o Carnaval.

Será Santo Reis o dono dos últimos dias? Seja quem for, estão todos alegres, vivos, aqui em mim. Pegue a melhor parte de mim e leve agora! Vento, água, terra e fogo, façam de mim aquilo que os homens jamais ouviram falar, ou me leve agora para longe das criaturas estranhas que vivem aqui.

No Carnaval passado fui fogo que pôs fim a uma vida pouca, hoje sou a cinza que dá inicio a uma nova vida. O novo tempo nasceu. É o Carnaval da minha vida, prepara que Amarelo passará!

O álcool desce a garganta e desata todos os nós que já existiram dentro de mim, é de verdade, posso sentir. São Pedro! Alegria, é Carnaval. Dance, se leva no vento, seja leve, vai, é chuva São Pedro, carnaval e alegria. O céu será tua morada para sempre, entre as nuvens já existe teu lugar.



A paz mora dentro de ti e jamais irá embora, bate palma quando a música acabar. A mão estremecendo o tambor também me faz lembrar do que pareço nunca ter sentido, ali era eu, existindo pleno Carnaval. São Pedro me pariu pelas mão de Maria, agora posso em fim respirar. Não lembro bem o que o tambor cantava, o que aquele homem gritava, nem de mim mesmo, mas sei que ali era eu. Em verdade, em profundidade, de um infinito que habita dentro de mim.

Liberdade para me buscar e me fazer por aí, dominar outras civilizações, unir mundo antigos e modernos, sobrepor imagens desconhecidas. Fatos provarão aos homens quem sou, e tudo que disser, não será usado em meu favor.

Abandonarei o passado e serei a solidão dos dias que nunca acabam, atravessarei os tempos, novo, velho e atual. Soltarei os Monstros no calar da noite, e os homens que aprendam como lidar. Serei eu, ainda que não saiba bem quem sou, não tenho pressa de mim, pequeno. Meio ao Carnaval que atravessa os becos e ruas, eu me pus a nascer, no calor de uma ladeira qualquer.

É o lançamento de algo novo, uma especie inédita, colocará todos os homens em grande perigo. Será Eu, filho de São Pedro, novembro, verão, água e vento, novo... Inédito.

Alto, leve, preciso, profundo em prosa, indeterminado. Sou Eu e sou filho do Carnaval.

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