Sonhei

Por Cristyam Otaviano - setembro 05, 2018

Eu corria, tão rápido, que até minha consciência ficava pra trás. Não habitava a mim, nem se quer tocava o chão. Corria. Mas era sonho.

Um animal selvagem, rápido, faminto pela velocidade, não sei o que isso significava, mas eu ansiava por correr cada vez mais rápido, até a hora que eu fui além de mim e me perdi nos passos, que as vezes se encontravam.

Em direção ao mar. Era o que havia no final de tudo, mas enquanto não chegava, o final precisava atravessar ruas por entre carros e até mesmo favela, atravessei paredes, vielas e pessoas. Passei pelo olhar, mas nada ficava claro, tudo era um imenso borrão.

Comecei humano terminei bicho, animal, não sabia o que fazia só que precisava correr cada vez mais e mais rápido, corria de uma forma estranha. Perdido por algum lugar. Sentia a consciência dentro de mim, meus pés tocando o chão, o vento a passar nos meus ouvidos e entre um toque e outro eu parecia levitar, como se tivesse asas.

Créditos: Andrew Foto

Sempre que corro de algo em sonhos é assim. Rápido, voraz, forte, involuntário e rebelde. Alem de mim. Habitando algo que não era eu. Não importava para onde ia, se realmente havia o mar no fim, só queria ir o mais rápido que fosse.

Estranho, incompreendido, buscando um desconhecido no inconsciente, errante. Fui, era bom, assombroso e fantástico ao mesmo tempo. Ainda que fosse sonho, estava vivo e me sentia leve, selvagem, puro.

Limpo de sangue, buscando um algo qualquer que mora dentro de mim, corro por entre os sonhos, animal. Reticente, sem significado, buscando o desconhecido de um sonho compreendido, subconsciente, não era eu. Mas eu sentia em mim. Era eu sim, ainda desconhecido de mim e por isso lhe sinto.

Porque ainda sem entender, habitando vazios que ainda não desvendei, ali, no fundo de um bicho feroz, sou eu.

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