Inverno

Por Cristyam Otaviano - junho 16, 2018

Já acreditei no amor, sim, e sou quem sou graças a ele. 

Esqueci como é amar, do frio na barriga em começar a conhecer alguém, das conversas sem fim de madrugada, dos carinhos e claro, da ansiedade da paixão. Sentir o coração fazendo uma festa no peito, feito sambista na Sapucaí. Mas as coisas passam, tudo na vida passa. Nosso tempo cada vez mais curto e a Sapucaí da vida, cada vez maior, e passa, sim passa.

O amor passou, foi embora e já não volta mais, até que se proclame outros carnavais. Quem sabe ele venha novamente. Trazendo alegria aos sambistas, mas não vim falar de samba, vim falar de amor.

Já vivi amores maiores do que tudo que já tive na vida, primaveras, que jamais verei iguais. Mas o tempo é um fato que não se pode negar. Então as flores da primavera logo viram tapete para o inverno passar. Cinza, frio, silencioso e solitário. Nem a vida resiste a ele.

Créditos: Cristyam Otaviano
Pensando na entrega, a melhor parte de amar, vejo o quanto mudei, hoje me entregando a um qualquer, por pura vontade de sentir algo parecido com o amor. Sendo sincero, isso prova que não existe amor nem a mim.

Dos erros que pode-se cometer um deles, se apaixonar por mim.

Amei, não amo mais. Pretérito perfeito. É verdade, foi passado. Hoje, desistido do amor, vivo o inverno, a solidão, o silêncio. Talvez assim escute minha voz interior, aprenda mais a ser minha companhia nas horas de solidão, ou mesmo faça da solidão uma boa companhia. Mudei, e preciso voltar a amar, mas não existe receita ou caminho que se faça. Não. É esperar, esperar tudo passar.

Créditos: Cristyam Otaviano
Mesmo que o silêncio da solidão por ora machuque, que o passado chegue a assustar, que choremos por não se reconhecer mais. Chore sem motivo. O inverno precisa ser vivido, para que a primavera volte. Se é que volta. Há invernos que não duram para sempre. Hoje sou inverno, silencio e solidão.

Porque, certo dia, eu desisti do amor.

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