Valeu?!

Por Cristyam Otaviano - dezembro 30, 2016

Certos momentos precisamos desacelerar as coisas, ou até mesmo para-las, então ver o que acontece ao nosso redor, onde estamos no exato momento, o que estamos fazendo. Orçar tudo que foi feito, estimar ganhos e perdas, do que veio e do que se foi. Leões no chão, metas estampadas nas paredes, as coisas acabadas, os fantasmas não ousam te assombrar mais. A mochila carregando os troféus. Mas como viemos para aqui?


Ouça. Esse é o fim chegando. A bomba do mundo. Esperança. Se a vida é frágil, pode ser sinal que somos fortes o suficientes para parti-la. O que é verdade é inteiro, mas isso não explica que minha vida foi um completo desvio da realidade. Sei que do que vivi, carrego a verdade em mim, mas tenho sempre fatos tortos no bolso para quando for preciso.
Agi como devia, tentando não dever no fim das contas. Entreguei o futuro a inércia. Quem espera muito da vida, pode acabar se cansando, sendo frustrado por ela. Acaso, enlouquece aqueles que tem hora e lugar para acontecerem, tem sabor estranho, desconfortável. Fazer sua parte te mostra que o futuro não está mais em nas suas mãos, chore de tanto sonhar, descanse na esperança de que o fim se aproxima, carregue a paz pelo seu dever cumprido.


Fiz o que fiz, não me arrependo de nada. No certo do que aconteceu, se arrepender não muda o que passou, permanece inalterado, até que a ciência prove o contrario. Recomeçará. A ordem determinada da vida, seus períodos, suas cores. O extraordinário diante de nós. É branco, virgem. Novo. Ensaios passados dizem respeito ao que não deu certo, mas o erro me fez, sou filho do carnaval.

Não deixe que suas perdas tenham sido em vão. Alegre-se por errar e ter a chance de se poder viver tudo de novo, e ter o prazer de resolver a vida. O novo. Chance, de se refazer, vai e refaz, mas diferente, muda o caminho. Sobrou tempo, o que posso fazer com ele?
A vida fora da zona de conforto pode ser assustadora, mas onde mora o medo habita o encanto. Voe junto com o vento, ou caia rápido feito a chuva de uma só nuvem. Num dia de feriado se permita ir cada vez mais longe, aqui é chato, cansa. Mas pare um pouco, veja o azul do céu, prove o esquisito. Se surpreenda. E acima de tudo não espere nada, pois a mais pequena folha que cair já será o suficiente. Aqui, hoje, há chuva. E eu sou medroso.


E aí valeu?! Venha, na volta percorra os pontos. Bêbado de si, reveja e repense enquanto vacila pelo traçado. Siga o seu pisar marcado na relva, sinta a vida do avesso, olhe de trás pra frente. Se for preciso morra, e o renascer, que seja o mais belo possível. Se chorar, que chore mas com o sorriso sempre no rosto, digna é cada lágrima. Levanta, o cair é capricho da gravidade. Sobra pouco, se comparado a nada é tudo, e antes que pense algo, que jure e que espere, saiba que o for fizer a partir dali, irá fazer valer.

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