Segunda Feira

Por Cristyam Otaviano - outubro 02, 2021

Um  caderno é pouco para contar uma vida inteira. Meu diário anda solitário, são dias que nunca existiram, hiatos imensos, festas desconhecidas e uma vida que parece que não acontece, mas acontece. 

Já chorei demais. Sofrer chegou a ser a verdade da minha vida, eu fui a força de uma alma que teve a esperança de um futuro bom, e ate mesmo a esperança um dia morreu.

A vida nunca cansa, mas a gente se cansa de sofrer, de apanhar por aí na rua, de quem a gente gosta, de pessoas que são valiosas para nós, e que nem imaginam isso. Eu estive aqui, eu estou aqui, mas por muito tempo, não estive.

Nos dias cinza, não lembro de ter nem existido na historia dos homens, eu era uma incógnita, um mistério, não era nem eu. Me lembro que por muito tempo cheguei a ser só um corpo na rua. Não havia vida, luz, sentimento, justificativas que pudesse explicar a mim, não havia nada. Era um corpo e um nome, Cristyam, nada mais que isso. Eu ia, vinha, e as coisas continuavam como estavam. Talvez a vida quisesse me ensinar a acreditar, a saber esperar um futuro bom. 

Parecia que os Deuses estava discutindo meu fim, se é que aquilo já não era meu fim. 

Me permiti acontecer, busquei a verdade vivendo, fui me refazer em vida. Sim, aquilo foi meu fim, doeu acreditar, demorei a entender. Pus fim a mim mesmo, decretei que a partir dali os dias já não seriam os mesmo, e não foram. 

Esse Texto e silêncio, pois nele só vai o som do riscar no papel, o canto dos pássaros e nada mais. 

O sol, nasceu pra mim, meu filho e meu pai, Nos dias eu vi  meu tempo acontecer. Eu fui o calor das ruas lotadas pleno carnaval, a historia gravada nas construções, a vontade de atravessar os dias em busca de mim, e eu fui.

Fui alto, preciso, rápido e feroz. Deixei corpos no caminho, corações em pedaços, e gritos de um tempo que há tempos não aconteciam.  Era meu tempo, meu agora. Do alto a vida não parece nada, o mundo ficou miúdo, moído e dai eu visitei o sol. 

Abandonei os monstros, refiz todos meus sentidos e aprendi formas inéditas de viver. La eu conheci o amor. Definitivamente já não era mais eu ali, era uma nova criatura inédita, os homens jamais o entenderiam, 

Me encontrei  nos textos, descobri minha fala, meu tom, fiz discursos, cartas com nome, criei heróis, venci guerras e fiz inimigos. Inevitavelmente e existo e o mundo dos homens e a prova mais viva de tudo 

Esse texto e sobre mim, só que ele precisa de um fim. Tem textos que são eternos na minha vida, não importe quantas vezes eu morra, e texto Eu. 

Espero a primeira estrela nascer, o sol já se foi, hoje já chorei de felicidade. Hoje já quis voar contigo, Passarinho. Hoje eu acordei sem saber em que dia estávamos, é Segunda-feira. Sai da cama, toda mal feita, sem saber o que iria acontecer, e só agora percebi, que hoje, eu aconteci.

Estou aqui, e esse e meu lugar.



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