Céu

Por Cristyam Otaviano - agosto 28, 2021

Eu descobri que o céu não é um lugar.

Acordei, nem mais a esse mundo pertencia. Eu era uma nova espécie, estava além de uma genética hereditária, a heresia de um tempo que não sobrevive ao amor.

Longe de tudo que eu já pertenci, estava alto, eu tinha asas, ainda não sabia voar. De tombo em tombo, provei da gravidade. Cair nunca foi minha maior qualidade, nem meu maior defeito, aprendi a saber me levantar, a secar as lágrimas, a curar feridas e também a ser feliz.





Voando, vivi vendavais, tempestades que de baixo são apenas chuva, ventanias que homem nenhum jamais entenderia, dias amanhecerem, a lua se por e  as estrelas caírem sob meus pés. Olhar para baixo, não era mais tristeza, é que a gente nunca se contenta com a própria verdade.

Estratosférico, ultrapassando barreiras, que nem sabia que existiam eu visitei o Sol. Eu era o silêncio do vazio da imensidão do espaço, gritar seria vão. O som necessita de algo para existir. A terra é mais bonita vista de cima.

É difícil acreditar quando a hora chega, quando a verdade do tempo se prova. Eu chorei quando me vi ali, numa cor, vivo, longe de um lugar, voando e feliz. Eu aconteci. Tive força para aguentar a subida, para saber cair e levantar.

Meio a toda confusão, a tudo que aqui poderia ser e acaba não sendo, descobri que o céu nunca se tratou de um lugar, nunca foi um limite, não limita a vida. Pra quem acredita, tem força, sabe que pode e quer ir muito mais além, o céu é apenas uma cor. 

E ele é azul.

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