Nove dias

Por Cristyam Otaviano - maio 04, 2019

Já podemos comemorar a morte do nosso amor?

Não sei por onde começar, não me lembro de nada do que fiz, nem de ter sentido o tempo passar, o dia hoje veio sem um começo. Os livros esperam a chance de poderem ser escancarados, e todas suas verdades virarem barulho, na minha voz. A poeira é mais forte que eu, e não me deixa lhes pertencer.

Tem um silêncio estranho nos dias, não há uma mensagem, uma voz, um som diferente. As vezes a estranheza me bate, é o luto por uma paixão que morreu. Quando se começou, em missa, a celebrar morte de uma paixão?! Já fazem  nove dias e não fizemos um só brinde.

Me dói me ser, é que insisto em precisa daquilo que não tenho. O peito vazio precisa de um abraço de verdade, de um amor inédito, do novo. Me arrependo de ter me dado, em verdade, as pessoas erradas.

É o silêncio de quem não tem nada o que dizer, de quem não sabe falar, pois nunca foi. Se diz, é pura comunicação, de forma alguma soube o que era falar com o coração, ele nunca falou.

Hoje refiz caminhos, revi pessoas, desejei abrigo, fui ausência, silêncio, quis ir e terminei sendo a tinta no papel, marcado pelos dias atrás. Quando a chuva passou, o sol abriu e disse "vai acontece!", que hoje o dia é vazio pra tu ser. Breve os dias não serão mais nada, faltarão momentos quando estivermos exatamente onde tudo começou.


Conte as verdades erradas para as pessoas certas. Não confie em quem não lhe esconde a mão, em quem tem medo de falar. Não seja verdade para quem nem é. Amanha as histórias terão seus fins, serão novos tempos que virão.

Toda água dos céus cairá. Quem sou eu? O luto de uma paixão que nunca se viveu. O barulho de um grito que assustará os homens, fará barulho na existência de auguem, não será eu.

Hoje eu levantei da cama cansado, cansado de ser bom com quem não merece, cansado de esconder os meus textos mais bonitos. Cansado de ser, pra quem nunca foi.

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