Para brilhar

Por Cristyam Otaviano - novembro 01, 2018

Amei muitos. Mas só em palavra, não há nada que prove da minha existência. Isso não faz do amor uma mentira, transforma ele em mistério. Há coisas que são tão nossas que mais parece um segredo de caixão.

Gosto do anoitecer pois, somos processos, transição, nem dia, nem noite. Um sol laranja, o mundo se acendendo com medo da escuridão, é um rosa lá no infinito anunciando a noite chegando. Que monstros as estrelas trarão? Espero em espírito de oração. Acendo uma vela na esperança de um amor vir me salvar de algum lugar. Nem sei do que se tratam as coisas, mas sei que existem e fazem verdade.

Esse texto nasce de um jeito qualquer, não tem lugar. É texto de rua, mas ele existe porque eu o faço. Há coisas que só depende de mim. Uma delas é o amor. Sobrevivo do ar que respiro e dependo dele, assim como do sol. Sou todo torto, meu nascer foi um erro. Era carnaval. A noite chega e é hora dos homens brilharem.

Só Deus sabe que monstros a noite trará. Só Deus.

Faz sinal que a vida vai passar. Tudo vai parar para vê-la. Onde há humanidade, há barulho pois, não sabemos viver em silêncio. Um ir e vir sem fim. Não há hora e nem lugar, parece que só se existe na ausência do silêncio. Refaça os caminhos, condicione-se a ambientes, pessoas e situações.

Créditos: Pixabay


Por onde quer que se ande se acha alguém, eu? Encontro amores que tive pelos cantos, nos cantos, em cantos. Quanto tempo se leva para esquecer? Pois bem, nunca se esquece.

Os homens se esquecem que a noite foi feita para brilhar.

É feito para não ser perfeito, é torto, se esquiva para não passar perto de nada, real. Estou perdido dentro da minha casa, sem conseguir distinguir as coisas, isolado de um mundo que não existe, uma realidade fingida, onde se vive, mas não se sente.

Escrevo esse texto, mas ele é vazio, oco, não se contem em nada. Já é quase hora de sair, todos vamos para algum lugar. É noite, hora dos homens brilharem. Existem homens para todas as coisas, pareço não ter um fim determinado, sou um mistério.

Há mistérios soltos pelo mundo, fugiram de mim quando eu me pus a falar, e eu falo de mais. Coisas incompletas, soltas, nem parece ser eu falando. Sou um caderno rabiscado, sou tudo, na intenção de não ser algo.

Vou esperar aqui o dia voltar pois, essa noite, assim como os homens, eu não brilhei.

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