Quero um lugar longe, onde só eu saiba chegar, lá a vida não tem obrigações, nem vai lembrar de quem é, muito menos de sê-la. É só a vida que é vida e pronto. Quero ser algo indeterminado, preciso disso, deixar eu ultrapassar a mim mesmo, preciso chegar lá. Seja como for o preço que se pague. Mas tenho que ir.
Virar um bicho do mato, sentir a neblina molhar o rosto, e dormir na esperança de um dia de sol, ou mesmo de calmaria e vai amanhecer, tenho fé disso. Sentir o sol puro esquentar minha pele meio a brisa da manhã, saber que ali, onde estou, posso ser feliz mesmo longe de exageros ou excessos. Viver muito com pouco. Só isso.
Vou levar Clarice, na bolsa, embrulhada numa camisa, que é para não amassar. Quando o sol se for, sentarei na varanda para receber os bichos e juntos faremos um canto para as estrelas. Uma canção para a noite. Um café para aquecer a vida aqui dentro, ouvir o silencio dentro de mim.
O vento irá trazer notícias do que ficou, trará no cheiro a saudade, o incomodo de estar deslocado da minha natureza, mas também a calma na malícia de ser ele, vento. Ele traz a vida, por ora leva embora. Faz folhas caírem lá do alto das plantas, onde eu gostaria de subir, só para ver o mundo de cima, reacender a chama de criança que mora aqui dentro.
Eu vou! E não vai ter quem me impeça.
Na ausência de um amor para eu chamar de meu, quero ir, e nada mais vai importar, algo ficou para trás porque não foi. Não era digno da viagem. Só levamos da vida aquilo que importa. Se eu parar, se a vida bater em alguma coisa, não foi porque eu me perdi, porque encontrei algo no meio do caminho, foi só porque eu cheguei.
Haverá festas, porque eu cheguei, as folhas caídas, já sem vida, farão valsa com o vento do fim da tarde. O coração, leve, vai poder tirar férias e a voz interior poderá então pôr para fora a melodia preparada durante toda uma vida. O canto de um coração calado, de uma vida mansa, da solidão mais compreendida, de uma calmaria após tempestades, um canto para as estrelas.
Vou levar Clarice, na bolsa, embrulhada numa camisa, que é para não amassar. Quando o sol se for, sentarei na varanda para receber os bichos e juntos faremos um canto para as estrelas. Uma canção para a noite. Um café para aquecer a vida aqui dentro, ouvir o silencio dentro de mim.
O vento irá trazer notícias do que ficou, trará no cheiro a saudade, o incomodo de estar deslocado da minha natureza, mas também a calma na malícia de ser ele, vento. Ele traz a vida, por ora leva embora. Faz folhas caírem lá do alto das plantas, onde eu gostaria de subir, só para ver o mundo de cima, reacender a chama de criança que mora aqui dentro.
Eu vou! E não vai ter quem me impeça.
Na ausência de um amor para eu chamar de meu, quero ir, e nada mais vai importar, algo ficou para trás porque não foi. Não era digno da viagem. Só levamos da vida aquilo que importa. Se eu parar, se a vida bater em alguma coisa, não foi porque eu me perdi, porque encontrei algo no meio do caminho, foi só porque eu cheguei.
Haverá festas, porque eu cheguei, as folhas caídas, já sem vida, farão valsa com o vento do fim da tarde. O coração, leve, vai poder tirar férias e a voz interior poderá então pôr para fora a melodia preparada durante toda uma vida. O canto de um coração calado, de uma vida mansa, da solidão mais compreendida, de uma calmaria após tempestades, um canto para as estrelas.
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