Setembro

Por Cristyam Otaviano - outubro 02, 2017

Em Setembro eu morria todo dia ao chegar em casa. Fui amor, mas também fui vazio, provei de tudo. Esse texto fica como lembrança, pois, amanhã já não serei mais eu.

Fui Alice nove vezes, a mesma que caiu num túnel temporal chamado setembro. O sol queimou a vida, o amor se calou e secou um ser que aqui vivia. Mistura a vida, sacode as coisas, quem sabe daqui para lá os tempos se salvem.


Você foi e voltou, eu fiquei aqui, esperando vivendo. Nesse mês as coisas parecem tomar um fim. Não gostaria de estar aqui, mas infelizmente, estou. Até o sol quis ir embora. As coisas perderam completo sentido.

Estou aqui, mas não ai, caindo. Vazio, por ora queimo em encontro ao denso do ar. (Leia: Vazio) Por ora durmo e quando acordo vivo o pesadelo acordado. É sujo, há cantos onde a luz não alcança, há coisas perdidas por aí, que esqueci de tê-las. A vida se escondeu onde a humanidade não a alcança, num lugar onde não pode ser tocada.

Faz silencio para não ser encontrada, quis sumir, mas ainda não teve vontade de voltar. Não sentiu pena de quem ficou. Abre a porta para o ar poder entrar. É primavera, as flores nascerão e depois serão tapete para um amor passar. Se cale para ouvir o silêncio da vida. Sobreviva a ele, resista. Deixa e faz a vida passar.

Setembro antecede nossa historia e nela houve de tudo. Atravessa o tempo, atravessa a mim. Esbarra no desconhecido, não causa dor. Em setembro o mundo veio a baixo, a vida provou da própria existência. A verdade foi invertida, e ela já me conheceu melhor. Histórias nasceram, outras ganham seus pontos finais, outras ainda a correr do destino. Nem se sabe o que foi.

O novo veio, carregado com o desconhecido. Domingo, um dia depois de eu ser setembro. Que se beba da vida, mas que também se saiba lidar com a desordem que ela fizer dentro de nós. Beber da vida causa caos. 

A vida esquentou, foi num eterno de lá para cá e daqui para lá. Venceu na própria destruição. Amarelo. Sem porquês que justificassem um hoje, sem saber como se chegou ate aqui, imperceptível. Desconhecido. Acabou com as chances, acabaram os dias, deu fim a mim. E finalmente, acabou setembro.

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