O Aurélio e o pai dos burros

Por Cristyam Otaviano - dezembro 20, 2013

Nesses dias comecei a ler um livro novo, por vez esse é abarrotado dos mais complicados vocábulos populares de difícil significado. Tive de recorrer ao dicionário, sim fui atrás do pai dos burros e enquanto procurava o significado das palavras veio-me a cabeça uma centelha de um futuro texto.

Tudo começou, os sumérios com, a escrita cuneiforme, por volta de 2600 a.C. na antiga Mesopotâmia, produziram um quase dicionário que falava de profissões e divindades, até então o livro era unilíngue. No século I d.C. os gregos com os léxicons que catalogava palavras da própria língua e seus respectivos uso. Com o advento do Renascimento veio o verdadeiro dicionário – como esse que conhecemos hoje – feito por Ambrogio Calepino (c. 1435-1510) que foi publicado em 1502, tratava-se de um volume bilíngue latim-italiano. O livro ficou tão famoso na época que o termo calepino virou sinônimo de "dicionário" – metonímia – da mesma forma que ocorre com o Aurélio hoje no Brasil.

Projetos antigos – e raros – do governo ofereciam aos estudantes da rede publica um exemplar de um minidicionário. Para os professores, principalmente os de português, esse  livro é um instrumento que auxilia a fixação da forma, da separação silábica, acentuação, classe gramatical e outras coisas mais a cerca das palavras. Acudir-me ao dicionário varias vezes, ao ler clássicos da literatura, obras dessas são recheadas de palavras que caíram no desuso ou que não ouvimos comumente.

Diferente do que alguns pensam, não são apenas palavras que se encontram no dicionário. Na edição do mini Aurélio que possuo, conto com a conjugação de verbos, abreviações, resumos gramaticais, os grupos indígenas do Brasil, países suas capitais e suas moedas além de uma minienciclopédia ao final do dicionário. É bastante coisa. Inclusive existem diversos tipos de dicionários, os de doenças, o de termos do latim, o de remédios, de citações, de religiões, de nomes e outros mais que se possa imaginar.

Toda vez que abro um dicionário sei que vou aprender algo novo, por módico que seja, e mais, sei que não resistirei a tentação de abri-lo e olhar uma só palavra – poucos são os que fazem isso–. O pai dos indivíduos de pouca inteligência – vulgo: burros – é um pai que a cada consulta perde um filho e ganha um novo a cada segundo. Sempre há alguém que aniquile uma duvida ao consultar um dicionário assim como sempre há alguém com uma duvida e tem de recorrer ao dicionário. "Um livro despretensioso, mas feito com a melhor esperança de que preste bons serviços àqueles a quem se destina" já dizia Aurélio Buarque de Holanda Ferreira.

Desde já, lanço aos senhores um desafio. Só vale procurar em dicionário de papel, nada de dicionários online ou mesmo o Google. 

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