Os meses

Por Cristyam Otaviano - janeiro 05, 2019

Era setembro de 2018, quando o tempo parou.

O tempo parou algum dia, não me lembro quando, mas pelos fatos, faz três meses ou mais. Quando foi a última vez? As circunstâncias pararam o tempo, era passado, vim de algum lugar na missão de vos avisar que não há salvação para os homens.

Os meses se passaram, o mundo foi explodido pelos homens, pouco a pouco, então um novo tempo foi anunciado por todos. Onde estivemos esse tempo todo? Aqui. Indo e vindo todos os dias, inertes, vivos e informados. Estamos felizes? Só o coração sabe. Sou a paz nos dias de caos dos homens.


Vivo em paz com meu passado e para os homens eu vivo em erro. Conhecidos julgam situações desconhecidas em terceiras pessoas, é mistério até mesmo para os deuses. É a incompreensão dos homens, saber de mais é um erro. A estupidez dos homens te fazem ser a loucura de tempos que insistem em viver dentro de uma caixa. É o tempo dos quadrados.

Dias foram mais rápidos que semanas, lembro bem que ontem mesmo eu nem era eu. Houve uma vida para que pudesse conjugar a mim. Há meses completamente vazios, em branco, mas isso não explica que não existi, é que me permitir ser além do papel. Transcendi da matéria, fui a vida, houve salvação, era Novembro.

Não sei como, mas viemos parar aqui e precisamos ir ver o mar, não há outra saída. Quem sabe a lua virá. Hoje nem importa mais, é um passado que vai parar na lata de lixo, e lá fica. O passado é descartável para os homens. Estamos a beira da pura burrice.

Há dias que faltam, meses que não se fecham nunca e noites intermináveis. Eles contaram histórias sem fim, duram até hoje, atravessam as horas. Eles estão guardados numa caixa na mesa, não ousa nenhum homem mexer ali. O silêncio vem de dentro das paredes, a cama não fala, as portas não se movem, há alguém mergulhando ali, sou eu, me afogando em si.

Uma nota e todos os dias estão salvos, um grito foi solto pela janela e a alegria desceu pela garganta. Viver é estar ausente, talvez isso explique a ausência de uma voz que há muito não se ouve. Sou eu, me fazendo silêncio, em espirito de oração tentando entender os dias.

Muito tempo se perdeu, quem somos agora? Por onde caminharão os dias? Não espero nada dos dias que virão. Ser é um verbo que se conjuga vivendo. Me consome ser pois, pouco sou. Ainda tenho tempo para uma última valsa antes que o mês acabe, que o sol volte a nascer, que você se vá. Olho aos céus e agradeço por todo o tempo perdido, a gratidão é tudo o que tenho.

A inércia se provará quando algo parar, quer seja eu ou quer seja o tempo. É tempo de paz em casa, há solidão. No silêncio do tempo, que passa despercebido, veloz, sigo, tentando ser, buscando a mim, me afogando nos meus desconhecidos. Espero que eu me explique, porque meio aos meses perdidos, sinto que ainda não me encontrei.

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